Diretor do FMI é acusado de agressão sexual nos EUA

15/05/2011 23:12

O Departamento de Polícia de Nova York (EUA) informou neste domingo (15) que os promotores responsáveis pelo caso acusaram formalmente Dominique Strauss-Kahn, 62, de tentativa de estupro e agressão sexual. Ele foi preso ontem sob suspeita de assediar uma funcionária do hotel onde estava hospedado. Diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), o francês Strauss-Kahn é tido como o mais forte candidato da oposição a Nicolas Sarkozy nas eleições presidenciais da França.

O político francês foi levado à Unidade de Vítimas Especiais de Manhattan para ser interrogado, após ser detido por agentes da Autoridade Portuária de Nova York no compartimento de primeira classe de um avião da Air France que estava pronto para decolar rumo a Paris.

Segundo o porta-voz Paul Browne, o Departamento de Polícia de Nova York recebeu a denúncia de uma camareira de um hotel do centro de Manhattan. A mulher de 32 anos explicou à polícia que, quando entrou no quarto de Strauss-Kahn, ele estava nu e avançou sobre ela, tentando obrigá-la a praticar sexo oral. A funcionária conseguiu fugir e contou o ocorrido a seus colegas, que chamaram a polícia.

Quando os agentes chegaram ao hotel, Strauss-Kahn já tinha saído, de maneira aparentemente precipitada, pois deixou no quarto alguns objetos pessoais, entre eles seu telefone celular.

Um porta-voz do FMI, Bill Murray, consultado pela agência Efe, não quis fazer declarações sobre o assunto.

Strauss-Kahn deveria participar na próxima segunda-feira (16) de uma reunião de ministros das Finanças da Zona Euro, em Bruxelas.

Dominique Strauss-Kahn é uma das principais personalidades políticas da França e provável candidato do Partido Socialista às eleições presidenciais de 2012.

A acusação de agressão sexual representa um grave golpe para suas aspirações políticas. Embora ele ainda não tivesse anunciado sua candidatura, era uma certeza que Strauss-Kahn estava a ponto de renunciar a seu posto no FMI para poder concorrer às eleições.

Segundo a legislação francesa, o diretor do FMI tem até o dia 13 de junho para declarar suas aspirações políticas. As pesquisas apontam até agora uma cômoda vantagem dele frente ao conservador e atual presidente Nicolas Sarkozy.

Dominique Strauss-Kahn está à frente do FMI desde 2007 e seu mandato termina oficialmente em setembro de 2012. Em 2007 buscou ser nomeado como candidato de seu partido às eleições presidenciais francesas, mas foi derrotado por Ségolène Royal.

À frente do FMI ganhou muitos elogios por sua liderança na crise econômica mundial e na participação nos pacotes de resgate na Europa.

Casado com a jornalista de televisão nova-iorquina Anne Sinclair e pai de quatro filhos, Dominique Strauss-Kahn tinha se envolvido em escândalos de natureza sexual anteriormente. Em 2008 foi acusado de ter mantido uma relação amorosa com uma de suas subordinadas do FMI, Piroska Nagy.

O FMI contratou um escritório de advogados para investigar as denúncias e Nagy mudou seu trabalho para o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento, com sede em Londres.

Strauss Kahn pediu desculpas ao pessoal da entidade financeira internacional com um e-mail no qual admitiu um "erro grave de julgamento", mas declarou crer "firmemente que não abusou da sua posição".

O comitê diretor do FMI decidiu que a relação aconteceu por mútuo acordo, embora tenha qualificado as ações de seu diretor-gerente como "lamentáveis" e que refletiam um "grave erro de julgamento".